sábado, junho 24, 2006

O Gang da Fralda ao ombro

ATENÇÃO:
AVISO Á POPULAÇÃO.

Procura-se os membros de um perigoso grupo, que ameaça a ordem pública.
São caracterizados por serem psicologicamente perigosos. Nomeadamente nos temas das suas conversas, que invariavelmente envolvem bebés. Podem mesmo ser considerados uma séria ameaça para aqueles que não têm ou não pensam em ter bebés, a esses aconselha-se cuidados redobrados.
Há várias características que ajudam a identificar os membros de esta “seita” dos quais enumeramos: o tema de conversa (mais do que três referências a bebés num minuto); as olheiras (com o tempo progressivamente maiores, até parecer que existe uma comunicação entre a fronte e a nuca); as nódoas de bolsado (patognómico, acontece muitas vezes só darem por elas quando chegam aos locais de trabalho, ou no final do dia quando se despem); a famosa fralda ao ombro (utensílio muito útil para evitar as já referenciadas nódoas de bolsado, mas sem ser totalmente eficaz. Quando estão em casa é normal passarem muitas horas de fralda ao ombro, que a partir de certa altura até se esquecem e consideram como uma outra qualquer peça de vestuário).
Não se deixam enganar pela aparência simpática e alegre dos membros deste gang, poderão apenas estar a tentar iniciá-los e recrutá-los. Considerem-se avisados!

quinta-feira, junho 22, 2006

150%

Em conversa com uns amigos, e depois de me fazerem a famosa pergunta: Então e as noites têm corrido bem? Eu respondi Nim mas tão bem podia ter respondido São.
E cada vez mais me apetece responder de forma mais disparatada a este tipo de perguntas. Do estilo, há 45 noites que não durmo, ao que me respondem “mas a tua filha só nasceu à 35 dias”, e eu esclareço que comecei a não dormir 10 dias antes para me adaptar à privação do sono. Ou isto ou pior que isto.
Sim este tipo de perguntas. Porque trazem 2ª intenção. Queriam ter filhos não é, pensavam que ia ser um mar de rosas, agora tomem lá! Andem aí com olheiras até à nuca.
E andamos sim senhor e com muito gosto. Porque basta o sorriso do bebé, que é aquele tónico insubstituível, e pronto, life’s beautifull (e ela já sorri tanto). É assim, estamos 150% empenhados. E ela assim o exige. Nem pensar em sequer olhar para o lado quando ela no está a pedir atenção, ela assim o exige e reclama.

sexta-feira, junho 16, 2006

Astronomy Picture of the Day

Comemora-se hoje o décimo primeiro aniversário do APOD. Já está a entrar na adolescência, e promete. Quanto ao nosso bebé, comemorou um mês e tambem promete.

Trabalho de Parto - Parte III

Era grande e cor-de-rosa. Devia pesar uns dois quilos ou mais Era a placenta. Claro que quis vê-la. Afinal foi aquele órgão que alimentou e respirou a minha bebé durante 40 semanas. Foi um segundo parto, mas sem dores, eu pelo menos já não me lembro, sei que ainda tive de esperar uns minutos para que fosse expulsa. Depois veio aquela parte totalmente dispensável. Os pontos, a sutura levou muito tempo, tempo demais, houve hemorragia... só mais tarde vim a saber que a médica que saltitava e me tinha acalmado com as suas palavras e cara doce me tinha dado dois cortes durante a episiotomia: a carniceira. Ainda não tinha tido filhos, porque quando os tiver devia levar três cortes para ver o que era bom para a tosse. Nunca lhe vou perdoar. Pois segundo entendi não tinha havido necessidade para aquela loucura de cortes. Dores de pós parto jamais são esquecidas!

Trabalho de Parto - Parte II

A cabeça da bebé está bem posicionada foi o veredicto de uma enfermeira. Algumas contracções de Braxton Hicks - que são praticamente indolores ou de bastante tolerância e só estão a preparar o útero para o momento do trabalho de parto - eram cronometradas no CTG (cardiotocografia), uma avaliação que fazem numa máquina que serve para medir as contracções do útero e o batimento do coração do feto.
Contudo o meu útero continuava pouco permeável. Ainda ia demorar mais algumas horas. Mais um comprimido, mais uns passeios pelo hospital e por volta das 15:00 rebentam-me as águas. Tinha a certeza que eram as águas a rebentarem. Olhei para o pai e apeteceu-me chorar. Chorei encostada à parede, mas chorei de alívio e de alegria, mas também de compasso de espera para ganhar coragem para a tal “hora pequenina”. Esperei muito por aquele momento.
Era muita água a cair e quente, parecia que queimava a escorregar pelas pernas e a cair no corredor do hospital. O médico veio avaliar-me e disse-me “isto agora não pára”… Tive a certeza que não passava do dia 15 de Maio. Foi tudo muito rápido. Chamaram enfermeiras, enfiaram-me uma agulha no braço, faz impressão, entra muito na veia. Puseram-me a soro e mais alguma coisa, acho que também tem umas hormonas que acelera o processo de dilatação! As contracções iniciaram-se, cada vez mais dolorosas e assíduas. Estava a entrar em trabalho de parto, mas lembrava-me das respirações que aprendi na preparação para o parto e tentei manter-me calma com a ajuda do pai e de uma enfermeira amiga que não parava de contar histórias para passar o tempo. Apetecia-me gritar, mas mantive-me calma e só a suportar a dor com a respiração. Não chorei mais. Fiz-me de forte. Fecharam as cortinas de ambos dos lados da cama, afinal estava na cama do meio e tinha duas companheiras de quarto a ouvir tudo. Não podia armar-me em fraquinha, nem as podia assustar!
Entrei no bloco de partos com 4 ou 5 centímetros de dilatação. Consegui entrar numa hora em que ainda davam epidural. O horário é das 08:00 às 18:00! Tive sorte e uma enfermeira amiga que soube ajudar-me a conseguir entrar a tempo de levar a epidural. A anestesista foi simpática. Deu-me a quantidade q.b. para as dores amainarem e continuar a ter as dores para saber quando devia fazer força para a expulsão. Depois da anestesia a abertura do útero foi avassaladoramente rápido. Lembro-me do pai dizer: "esta foi enorme", "esta chegou cá acima", "estão mais frequentes"…
Pouco tempo depois chegouo uma outra enfermeira maravilhosa, acho que se chamava Fátima, que exclamou alto e a bom som "isto já está assim". Já estava com os tais 10 centímetros necessários!!! Finalmente.
A enfermeira pediu ajuda. Num ápice veio a trupe médica. Uma médica novinha a saltitar com pequenos instrumentos metálicos acalmou-me com a sua beleza e juventude; parecia que ia ser fácil e rápido.
Era uma multidão na sala, mas ao mesmo tempo não via ninguém. Fechava os olhos para me concentrar na força que me pediam para fazer.
A bebé nasceu às 20:09 saudável. Colocaram-me a bebé em cima, e só tive coragem de lhe tocar no braço e ombro, tive medo de não conseguir segurá-la, estava fraca, parecia um sonho, comecei a chorar acho eu.
Passados poucos minutos trouxeram aquele ser vivo pequenino e vestido para o pé de mim e do pai, que assistiu a tudo corajosamente, o que me deu muito tranquilidade. Trazia os olhos abertos e olhou para mim e para o pai muito atenta, estávamos a travar conhecimento cara a cara pela primeira vez. Foi onírico… Sem palavras. Começámos os dois a chorar e a bebé a olhar calmamente para nós... Voltaram a levá-la…

Jangada de Açúcar

Adquiri uma jangada, não de pedra como a de Saramago, mas repleta de açúcar e doçura para comemorar um mês de vida da minha filha.
Um mês de vida! Data digna de assinalar e assim, num dia feriado (15 de Junho) meti-me à estrada para descobrir uma pastelaria para cantar os parabéns àquele pequeno ser que nasceu há precisamente quatro semanas e três dias.
Numa pequena aldeia, nos arredores de uma grande cidade, encontrei uma vitrina com pastéis de nata, pastéis de requeijão, bolas de Berlin, e bolos de arroz. Nada me satisfez realmente, mas subi o olhar e vi uma jangada de açúcar, amarela também conhecida vulgarmente por palmier com creme. A pequena jangada estava esquecida num dos tabuleiros da pastelaria.
Estava só, brilhante, cremosa, poética. Percebi que seria o bolo ideal para dividir com o pai em fatias depois de cantar os parabéns e apagarmos a vela à aniversariante.
Assim se fez. Uma jangada de açúcar que nos fez navegar por memórias recentes, mas intensas de felicidade, a hora do nascimento de um filho. As dores de parto, a felicidade de sentir o bebé em cima do corpo e depois, as lágrimas a correrem pelo rosto fora quando a enfermeira trouxe a bebé para os meus braços e ela olhou para mim atenta com os olhos brilhantes de curiosidade pelo mundo novo que conhecia.
Uma jangada de açúcar para nos ajudar a viajar por momentos, instantes irrepetíveis.

quinta-feira, junho 15, 2006

Brilho

Todos os dias me vêm à lembrança recordações de criança.
Como momentos perfeitos, de grande felicidade e com uma grande dose de nostalgia.
De onde eu apenas consigo ir através da minha memória, tu emerges com um radioso brilho.
Do sítio de onde eu apenas leio, tu és poetisa de momentos futuros.

terça-feira, junho 13, 2006

Natalidade...ai natalidade a quanto obrigas

A quanto obrigas? Talvez a promessas eleitoralistas. Que depois não são cumpridas. É o que está referido na culpa é do médico, acerca da promessa de não penalizar famílias com 3 ou mais filhos feita pelo nosso primeiro.

segunda-feira, junho 12, 2006

O chôro

São momentos difíceis. Muitas vezes um pouco mais demorados que momentos. Por muito que estejamos informados, o momento do choro é sempre de stress, e que pode desencadear conflito.
Mas o choro é normal. Eles não se sabem exprimir de outra forma, mas programar isto no nosso “chip” é muito difícil.
Espero que ao longo dos próximos tempos eu saiba melhor lidar com a situação. Não tenho a esperança de que a bebé deixe de chorar, ou que chore menos, apenas que eu não associe o choro do bebé a um momento de pânico e que saiba sempre como responder.
Ainda hoje foi um desses dias. Ela chorava desalmadamente. Depois começam as sugestões: tem fome, mas mamou ainda não há hora e meia; será que tem a fralda molhada; serão cólicas; será que tem calor; será que tem frio; será…será….será… e nós sempre com esse último será no inconsciente, o será que está algo de mal com a saúde dela…. É difícil de lidar com o choro, mas, eis que afinal descobri-mos uma maneira de acalmá-la e tudo volta à maravilha que era antes. Vale bem o esforço.

Primeiras impressões

quinta-feira, junho 08, 2006

Trabalho de parto - Parte I

14-05-2006

Domingo. Dia com 23 graus de temperatura. Sol, calor, vontade de estar na praia já despachada do parto e com a minha bebé nos braços. Só o pai e a minha mãe é que sabiam que ia ficar internada naquele dia no Hospital de Faro para avançar com o trabalho de parto que não atava, nem desatava. Afinal estava com 41 semanas gestacionais e 40 semanas ecográficas! Contudo, o meu útero mantinha-se preguiçoso e só estava permeável a um centímetro de dilatação, ora para chegar até aos dez centímetros ainda faltavam algumas longas horas...
Estava nervosa, claro, mas tentava manter uma calma aparente para não desesperar, afinal ainda faltava tudo. Ouvia a minha música no meu MP3 e ia escrevendo umas linhas de sentimentos e de vivências hospitalares.
Tinham-me dado um comprimido que não iria tomar pelas vias tradicionais! Nada de dores nas primeiras horas. Deitada numa pequena cama de hospital com uma vista nada paradisíaca, esperava que passassem duas horas para poder enfim levantar-me...Depois seria reavaliada pelo médico para ver a evolução das coisas...Poderei ficar pelo menos 24 horas naquela cama, com o número 5, antes do parto acontecer e mais dois dias depois do parto: que suplício.
Ouço bebés a chorar durante a noite, quase não prego olho, ando e desando pelos corredores e andares do hospital, passeio, meu deus desespero a andar no hospital para acelerar o processo de dilatação e nada... Tento ler, trouxe um livro novo: "Boneca de Luxo" de Truman Capote, da colecção do Público, prevejo que consiga lê-lo todo antes do parto! ;-) Terei muito tempo para pensar nas coisas, mas penso principalmente na Inês cá dentro da minha barriga. Tento não pensar nas dores, nem na dilatação, estou sozinha, telefono à minha mãe, numa espécie de pedido de socorro que não tenho coragem para concretizar. Tento fazer-me de forte. Ela está longe, a mais de 400 quilómetros de distância, por isso não vale a pena pedir-lhe para dar um saltinho ao hospital para me trazer um bolinho ou um carinho.
15:30. O pai chegou, Iupiiii. Companhia, conversámos, acalmei. 16:00: hora da merenda (leite morno e um papo-seco com manteiga). Claro que comia mais, mas hospital significa dieta dura. Fomos passear no hospital, fomos a todos os andares: 8. Fiquei cansada, acho que ganhei músculos nas pernas. Não deveria sair do serviço, mas deixaram-me, afinal sentia-me tão bem que podia ir dar umas voltas nas lojas.
A gulodice apurou-se. Só me apetecem gelados e coisas que nem existem no hospital, devo estar carente. Na ala do hospital onde me encontro, a que lhe chamam de maternidade, mas que eu acho que não se parece a uma maternidade, só há papás babados e mães a amamentar ou pelo menos a tentar aprender a dar mama e a ver se os bebés pegam.
Deve ser a ala mais feliz do hospital, contudo mais tarde vou perceber que não seria assim tão fácil. Que no meio daquela maravilha que é parir um novo ser, há muito sofrimento real, muitos pontos no canal da vagina,muito desespero, pouco trabalho personalizado das equipas médicas e de enfermagem, muita solidão, pouco carinho num lugar branco e vazio.

terça-feira, junho 06, 2006

Mão esquerda

É com esta mão que estou a escrever, a outra está ocupada a dar colo à minha filha. Também foi a mão esquerda da minha pequena, que atravessou o meu pescoço e me abraçou enquanto estava a dormir ao meu ombro. Foi um dos momentos mais perfeitos. Que felicidade.

sexta-feira, junho 02, 2006

Vitaminas

Já recuperei da noite em claro. Agora ando todo orgulhoso a dizer que a minha filha entrou no infantário, e, só havia 4 vagas. O que é a medicina comparada com isto?
Entretanto, o bebé foi à consulta de pediatria, e depois de observada, medida e pesada, confirmando que estava tudo bem, o pediatra receitou-lhe umas vitaminas. Protovit®.

Bom! e nós damos. O Doutor é que sabe. Mas fica aqui registada a minha desconfiança.
Posso dizer que de início a desconfiança era apenas visceral, apenas me preocupava a simples razão da necessidade de dar um suplento vitamínico a uma criança que está a ser amamentada. Depois, ao analisar a literatura vulgo "bula" do medicamento, apercebi-me que pode haver algumas alterações gastro-intestinais associadas com este tipo de medicações. Sabendo nós que a maior causa de sofrimento dos recém-nascidos são as cólicas intestinais, ficamos apreensivos por interferir neste sistema.
Por fim resolvi investigar um pouco, e descubri que realmente as carências vitamínicas acontecem por vezes nos recém-nascidos, principalmente em relação às lipossolúveis (D, E e K), sendo que são mais comuns nos prematuros. A situação mais grave será a deficiência em vit K que pode provocar a doença hemorrágica do recém-nascido, por interferir na coagulação do sangue, mas que já é prevenida através da administração de uma injecção 1 hora após o parto.
Quanto à necessidade real do suplemento parece ser discutível, e fica um pouco ao critério de cada pediatra. Por isso o melhor será interrogar o pediatra acerca da sua necessidade. É o que vou fazer na próxima consulta.

quinta-feira, junho 01, 2006

Consegui!!!!!!

Qual universidade. Aqui sim foi difícil entrar.
A noite não acabou bem. Sem se saber muito bem porquê as 5 vagas que existiam no final do dia 31, transformaram-se em 4 às 8 da manhã deste grande dia da criança. O que significa que um dos papás depois de ter passado a noite em claro, agarrado à esperança de ter um lugar para o seu rebento, viu de manhã a vaga a escapulir-se sabe lá para aonde. Ao que parece, devido a um regulamento do infantário que prevê direito de preferência até ao dia 31 de Maio para os irmãos dos pequenos que já lá andam, uma das vagas foi ocupada à última hora. Deve ter sido para aí às 23:58 (2 minutes to midnight para os fãs). E assim o senhor que até dizia que ia escrever sobre a noite para depois contar ao filho, de repente deve ter arranjado argumento para uma novela!
Eu era o 3º. E agora vou ver se encurto o dia da criança pela parte do fim, que amanhã é dia de árdua labuta.

A luz

Nasceu bonito o dia. Começa-se a respirar de alívio.
Vão chegando os mais dorminhocos, muitos para constatarem que já não têm vagas para os bebés, e que ficam em lista espera.
São 7:05 e daqui a uma hora já estou a caminho de casa e de consciência tranquila.

Há sempre quem ...

A noite vai longa...

5:22

Consegui passar pelas brasas um pouco dentro do carro e abandonei os colegas de luta por uns instantes. Esta igualdade dos que esperam na fila pela noite dentro é estranha. Parece que têm de estar todos juntos, acordados e presentes. Ninguem se pode afastar demasiado sob o risco de perder o lugar. E assim há sempre alguém a marcar o lugar de uma das crianças. Ou os pais se vão revezando, ou envolve mais familiares ou amigos. Por isso quanto mais a família mais fácil a espera. Eu não tive essa sorte, não fui capaz de pedir a ninguém.
Há sempre alguém a falar, e a entreter os outros, abençoados sejam os bem falantes.
Há sempre alguém a ouvir, eu oiço bastante.
Depois há aqueles que não dizem nada a ninguém, que estão sossegados no seu canto e não querem misturas.
Há os que dormem, os que lêem, os que fumam desalmadamente e há um que tecla. E é assim, uma fila para inscrever os filhos no infantário às cinco e meia da matina.

Surreal!

É uma palavra muito ouvida aqui por estas bandas.
São 2:33.

O número de pais e avós tem-se mantido constante por aqui. Não há novas caras na última hora. Mantem-se a amena cavaqueira, entre os que se questionam e os que já pensam aproveitar este caso para o denunciar a algum meio de comunicação social.
Eu escrevo num blog, quase como se fosse uma reportagem em directo, com os meus limitados recursos linguísticos.

O que significa isto?
De haver pais que sacrificam uma noite para poder ter os seus filhos numa creche desde a tenra idade de alguns meses de vida.

Primeiro, que já ninguêm pára para tratar de filhos. Não há tempo para os filhos. Já não há uma pessoa para ficar em casa a cuidar deles. Ambos os pais trabalham, o que é uma obrigação, ainda por cima agora ainda com mais a conta do infantário para pagar ao fim do mês. Já não basta termos de os ter tarde, como depois desesperarmos para poder ter sítio para os deixar para podermos continuar com a nossa vida profissional. É uma pena que assim seja, porque dá tanta vontade de ficarmos com eles perto!

Segundo, que as sucessivas paixões que têm havido pela educação tem sido muito voláteis. Não há uma rede de pré-primário suficiente e ponto. Nem público nem privado. Os preços são exorbitantes. mais de 300 € por mês. Como é que se pode ter filhos assim. Mesmo que se queira muito, é preciso fazer contas à vida. Sem um investimento sério a este nível, não vejo como possamos melhorar a natalidade.

Terceiro, somos capazes de fazer tudo pelos nossos filhos e que ninguem se atravesse à nossa frente.

Mas porquê...

Como é que é possivel.

Esta é uma situação tão indiscrítivel, que só nos faz lembrar outras situações que não lembram ao diabo. Como foi por exemplo as filas para fazer as candidaturas para a universidade. Aí tambem totalmente inexplicável, e só mais suportável, porque ter 18 anos e ter de obrigatoriamente de passar uma noite com mais uma série de gente com a mesma idade, dá azo a que a noite não seja tão mal passada, imagino que até casamentos tenham saído daquela fila, casamentos que se calhar já deram filhos e que se calhar num destes dias andam os pais a lembrar-se do mesmo que eu, numa noite ao relento à porta de um infantário. Parece uma ideia circular. E porquê.

Parece que já é uma espécie de cultura portuguesa. A santa fila. Já foi para o pão (já foi?!?), já foi para a universidade, já foi para a cantina, já foi para o concerto dos U2 (esses ao menos depois sempre comprava um bilhete a mais para venderem à porta do estádio e rentabilizar a noite, eu recusei-me), agora é para o infantário (para esta já não tenho a opção de me recusar).

Parece-me que uma boa ideia pra começar um negócio para montar um infantário, seria primeiro começar por ter pessoas que a troco de uma compensação iriam tomar o lugar dos pais nas filas dos infantários. Até se podia fazer o preçário à hora, e fazia-se um desconto se fosse a noite toda. Aqui fica a ideia!

Bom... a contabilidade vai assim. Já acabaram as vagas para os recem nascidos e com um ano, há ainda 12 vagas para os 2 e meia dúzia para os 3 e 4. E assim vai passando a noite. 1:18. Tenho de desligar para poupar bateria.